DOS DIAS HISTÓRICOS E INCERTOS.

A cada final de ano o pano cai e a peça termina com mais ou menos palmas, com mais ou menos saudade. O dia seguinte, um novo (re)começo, uma nova peça e novas estórias alimentadas por um raiar de esperança, expectativas e objetivos. 2020 começou com a normalidade como começam tantos anos.

Naqueles primeiros dias de janeiro as notícias que faziam eco do que se passava do outro lado do mundo não levantavam suspeitas de que algumas semanas volvidas iríamos, na forma como conhecíamos, suspender o pulsar quotidiano, protelar o tempo, adiar a vida.

Assombra-nos pois, à luz do que agora sabemos e estamos a experienciar, um sentimento de ingenuidade e injustiça quando olhamos para trás e, de uma forma quase presunçosa, nos orgulhámos dos momentos históricos vividos nos primeiros dias do ano e onde pontificaram o lançamento da nossa primeira newsletter e a organização da fase final da Taça das Regiões UEFA em que a final teve, pela primeira vez na história do futebol português, transmissão televisiva. Vaidosamente e em surdina, estávamos em contagem decrescente para outro momento histórico no nosso distrito, a primeira Final da Taça da Liga Feminina de Futebol jogada na Covilhã, mas o dia 21 de março foi “tarde de mais”. O futebol, como a vida, ficou suspenso, adiado.

Os dias que passam, pautados pela incerteza e pelo ritmo imposto por um sagaz e cobarde vírus, exigem o melhor de nós e no melhor de nós não existe espaço para o “eu” e para o “agora”. No melhor de nós existe respeito, solidariedade, educação, amizade, paixão e amor. Tal como num jogo de futebol, a calma, a força, a determinação e a resiliência serão decisivas para a vitória final em que todos seremos campeões.

A todos desejo de saúde.

 

Manuel Candeias (Abril 2020)